sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Sexta-feira 13... Teresina, capital do Piauí

‘É sexta-feira 13. Não tenho superstição de nada; apenas comecei este texto hoje. Se alguma crendice positiva ou negativa me abraçasse, principalmente no último caso, cairia e recairia em 17 de outubro, data em que nasci. Terça-feira, 17 de outubro, eis aí uma boa razão para uma temeridade que nunca foi alimentada. 
É sexta-feira treze; acabei de chegar do supermercado que, ainda, tem o mesmo nome; ainda… Hoje é um dia como qualquer outro, dentro de um ano radicalmente ímpar, de uma singularidade obrigatória; é 2020, ano em que a pandemia do coronavírus alterou a vida de muitas pessoas, embora não de todos. 
No retorno para casa, eu, que não tenho carro, avistei de longe um rapaz de passos lentos, aproximadamente 30 anos e, por óbvio, num momento em que o único rumo parecia ser o de não ter rumo nenhum. Parou, olhou no retrovisor de um carro que estava estacionado em frente a uma oficina, tirou a camisa e sentou-se numa calçada. 
Suas costelas eram perceptíveis e ele não parecia, em termos físicos, doente ou submetido a qualquer regime extremo; aquela ossada, visível na pele seca e mal tratada, era de fome mesmo. Vendo-me passar, virou o rosto e desviou o olhar. 

É sexta-feira, 13 de novembro de 2020 e estou em Teresina, capital do Piauí. O aposto é necessário, pois Teresina, capital do Piauí, pode ser única, mas Teresina é ainda nome de outras cidades. Às vezes me imagino como dentro de uma cela solitária de uma prisão de segurança máxima que está localizada numa ilha deserta, num ponto remotíssimo de um Oceano inóspito e de difícil acesso.’