terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Leonid Rogozov


'1961, o cirurgião Leonid Rogozov, de 27 anos, realiza sua própria apendicectomia. 
Entre a vida e a morte
Em 1960, o jovem cirurgião Leonid Rogozov, de 27 anos, ingressou na 6ª expedição soviética à Antártida e mudou-se para o continente gelado. No ano seguinte, ele começou a trabalhar como médico na recém-inaugurada Estação Novolazarevskaya.
Em 29 de abril de 1961, Rogozov ficou doente: sentia fraqueza, náusea, febre alta e dor na fossa ilíaca direita. O médico logo deu seu diagnóstico: apendicite aguda. O problema era o fato de ele ser o único médico na estação. Além disso, ele não poderia ser transportado para longe, pois não havia aeronaves nas estações próximas. De qualquer forma, o mau tempo descartava qualquer possibilidade de voar.
Uma complicação na forma de peritonite poderia matá-lo, e é por isso que Rogozov teve que agir rápido. Segundo relatou seu filho Vladislav, o pai estava oscilando entre a vida e a morte, não conseguia ajuda e teve que operar-se por conta própria.
“Ele teve que abrir seu próprio abdômen para tirar seus intestinos”, recordou Vladislav. “E ele sequer sabia se isso era humanamente possível.”
Hora de operar
Em 30 de abril, a cirurgia começou. Leonid foi assistido pelo meteorologista Aleksandr Artemiev, que ajudou com os instrumentos médicos, e pelo engenheiro mecânico Zinovi ​​Teplinski, responsável por segurar o espelho e uma luz.
Rogozov estava semideitado sobre o lado esquerdo. Após injetar anestesia local com Novocain, ele fez uma incisão de 12 cm na fossa ilíaca direita. Em parte com a ajuda do espelho, mas também pelo toque, começou a procurar por seu apêndice.
A visão de Leonid Rogozov procurando o apêndice em suas entranhas quase fez com que seus assistentes desmaiassem. O chefe da estação, Vladislav Gerbovitch, que também estava presente na cirurgia, lembrou, mais tarde, que os dois assistentes “ficaram mais brancos do que um lençol, mas fizeram grandes esforços para manter a calma”.
De 30 a 40 minutos após o início da cirurgia, Rogozov se sentiu muito fraco e tonto, obrigando-o a fazer pequenos intervalos de 5 a 10 segundos a cada 5 minutos. O médico tentou manter a calma e sob controle durante todo o processo.
Ainda assim, a parte final quase eliminou a tolerância de Rogozov. “Finalmente aqui está, o apêndice amaldiçoado! Horrorizado, eu vejo a mancha escura em sua base. Isso significa que um só dia a mais e [o apêndice] teria estourado... Meu coração ficou visivelmente mais lento, minhas mãos pareciam de borracha. Bem, eu pensei, isso vai acabar mal, e tudo o que restava era remover o apêndice”, lembrou o médico.
A cirurgia levou 1 hora e 45 minutos no total e terminou com sucesso. Em cinco dias, sua temperatura normalizou e, dois dias depois, os pontos foram removidos.'